
Em uma entrevista para televisão, no início de 2011, o instrutor de astronomia Parke Kunkle, da Minnesota Planetarium Society, falou sobre o movimento de precessão dos equinócios e a consequente mudança de posição entre os círculos máximos da esfera celeste e as estrelas. Um desses círculos máximos é a eclíptica, que mostra o deslocamento do Sol no céu ao longo do ano.
As declarações de Kunkle não foram nenhuma novidade para Astrônomos ou a maioria dos amantes do céu. Mas, aparentemente, muitas pessoas que acreditam em astrologia não conheciam a precessão dos equinócios e suas consequências, e ainda acreditavam que o Sol percorre apenas 12 constelações em seu deslocamento pela eclíptica. Na verdae percorre 13 já há muito tempo, e o própio Parke Kunkle ficou atônito com a repercussão de sua entrevista.
O movimento de precessão é aquele executado pelo eixo do pião enquanto o pião está rodopiando. O pião gira em torno de um eixo imaginárioque o atravessa passando pela sua parte mais alta e descendo até a pontinha, que está em contato com o chão. Esse eixo executa um bamboleio que é a precessão.
A Terra também faz esse movimento. O eixo de rotação da Terra é inclinado em cerca de 23,5 oem relação a uma linha perpendicular ao plado da órbita. A ilustração abaixo exemplifica o movimento de precessão:

Esse movimento muda a posição da superfície da Terra em relação ao céu. Uma volta completa é feita a cada cerca de 26.000 anos, portanto, trata-se de um processo contínuo mas lento. Não se percebe a precessão em alguns anos, mas em algumas centenas de anos seus efeitos são facilmente observáveis.
Quando os primeiros mapas astrais foram feitos a 3.000 anos atrás, a eclíptica estava em uma posição no céu ligeiramente diferente de onde a observamos hoje. Assim, a 3.000 anos atrás o Sol cruzava 12 constelações, e hoje cruza 13, sendo a intrusa a constelação do Ofiúco, ou Serpentário.
Isso não é novidade absolutamente nenhuma. A precessão é conhecida, pelo menos, desde Aristarco de Samos, em cerca de 280 a.C.
Outro fato comum aos Astrônomos e amantes do céu é que o tempo que o Sol fica em cada constelação não é o mesmo para todas elas. Os mapas astrológicos dividem as constelações em pedaços iguais no céu, mas a Astronomia não faz isso. O Sol fica, por exemplo, apenas 7 dias na constelação do Escorpião e 18 dias na costelação do Ofiúco.
Abaixo está uma tabela com o dia em que o Sol entra em cada constelação ao longo do ano (as ilustrações são da Carta Celeste de Johannes van Keulen, 1709):