Raios Cósmicos No Seu Computador

100163-main_FullRaios cósmicos são partículas que atravessam o espaço em altas velocidades, vindas de todas as direções, ininterruptamente. Cerca de 90% dos raios cósmicos que detectamos aqui da Terra são prótons, partículas encontradas nos núcleos dos átomos com carga positiva (um átomo é a menor porção de um elemento químico). Temos também nos raios cósmicos núcleos de hélio chamados partículas alfa, que consistem em dois prótons e dois nêutrons. Os nêutrons são partículas sem carga elétrica também encontradas nos núcleos dos átomos. Temos ainda elétrons, partículas fundamentais da natureza com carga negativa. Os elétrons são encontrados nos átomos (não nos núcleos) e também são as partículas que conduzem eletricidade nos fios elétricos . Além destas partículas, detectamos nos raios cósmicos núcleos de lítio, berílio, boro, entre outros elementos.

Não são bem conhecidas todas as origens dos raios cósmicos. Sabemos que são produzidos em processos que acontecem nas estrelas. O Sol é uma fonte de raios cósmicos próxima de nós, mas também recebemos raios cósmicos vindos de galáxias bastante distantes.

As partículas carregadas dos raios cósmicos podem atrapalhar as operações no processador de um computador. Os processadores executam operações lógicas baseadas também em partículas carregadas, e a colisão de uma dessas partículas com uma partícula intrusa de raio cósmico pode causar danos, como dados gravados errados ou um resultado falso para uma operação matemática.

Atualmente, as chances de raios cósmicos gerarem problemas são desprezíveis. Mesmo porque grande parte dos raios cósmicos que chegam à Terra interagem com moléculas nas camadas altas da atmosfera, e poucos chegam ao solo. O contratempo seria maior para processadores em grandes altitudes, como em satélites ou no alto de montanhas.

Mas à medida que os processadores se tornam menores e passam a utilizar menos carga elétrica para operar, podem se tornar mais susceptíveis às interferências de raios cósmicos, mesmo dos poucos que chegam ao solo.

Uma empresa fabricante de processadores anunciou que está empreendendo um mecanismo detector de raios cósmicos para evitar dificuldades como essa no futuro. A idéia é verificar se o processador foi atingido por um raio cósmico e, se tiver sido, refazer a última operação. Ninguém sabe ainda como exatamente esse detector vai funcionar. Nem quando estará disponível no mercado.

Você já ficou preocupado com a possibilidade de um asteróide ou cometa colidir com a Terra? Não são apenas coisas grandes que podem causar problema, as minúsculas partículas dos raios cósmicos também podem. Mas, assim como não precisamos nos preocupar com impactos de asteróides, porque temos tecnologias para desviar um possível objeto perigoso de órbita, também não devemos nos preocupar com os pequeninos raios cósmicos. A ciência já está trabalhando para afastar esse obstáculo.

Vamos poder continuar trabalhando com computação científica, fazendo cálculos complicados, processamento de grandes bases de dados… e também jogando videogames !

Uma versão resumida desse texto foi publicada em novembro de 2008 na Curiosidade do Mês no folder e site da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro